Ninguém está preparado para o mau tempo nesta terra de África.
Desde Domingo que está muito frio e passamos mal, as casas estão impreparadas, entra ar por todas as frechas, não há nem porta nem janela que feche bem na maioria das casas, o parque habitacional não leva obras há muitos anos e as construções antigas têm paredes finas e materiais porosos. Está mais frio dentro de casa que na rua, mas não se pode passar o dia na rua.
O problema maior é a humidade, que torna o frio mais frio (80% de humidade relativa é uma constante, piorando às vezes), aliada ao vento, que torna o que é frio gelado. Depois há dias de chuva, e tem estado assim, e eu penso em Lisboa, nos seus piores dias de Inverno e no conforto dentro da minha casa.
Vejo a incredulidade dos turistas, que meteram na cabeça que vinham para um sítio quente, totalmente impreparados para enfrentar este clima, que não vem escrito em nenhum dos guias que consultaram. E não há roupa quente à venda, porque nas poucas lojas em que os turistas poderiam comprar já se fizeram os saldos de Inverno e as montras apresentam roupas leves.
Um amigo nosso chama-nos a atenção para o mapa: não existe nada entre o Maputo e o gélido Pólo Sul, quando sopra de lá, chega mesmo aqui. É o caso, agora.
Não há nem desumidificadores nem aquecedores à venda. Então agarramo-nos a mantas de lã polar, que são leves e quentinhas, maldizemos a sorte, consultamos muito a net a ver quando acaba. Parece que no fim de semana já temos tempo normal.
Os guardas (=porteiros) que dormem sentados e gelados no átrio dos prédios, com kispos e gorros de lã, andam todos doentes e parecem lagartos durante o dia à procura de sol para ficarem quietos a tentar aquecer.
No meio desta vaga que nos assolou agora e quando não chove há umas horinhas de sol, que compensam um bocadinho mas não chegam para secar a humidade que se pega à pele. E que nos obriga a não fechar bem as portas os armários de roupa para o ar circular e não haver mofo, que há.
Andamos mesmo devagar.