Ontem à noite no Maputo a temperatura lida no meu sofisticado i-phone dizia 7º. Situação em que não acreditaria não fosse o saco de água quente no meu colo confirmar o frio inusitado.
Jamais encarei a possibilidade de nesta terra possuir tal objecto, mas acontece que ontem mesmo comprei 2 - não fosse o diabo tecê-las - depois de uma motivada busca pelo comércio do Maputo. Aprendi que lhe chamam bolsa de água que só encontrei na secção de desporto de um armazém, depois de grandes esforços explicativos, e fiquei a saber que a dita era para as dores e só em tamanho infantil.
Aqui tem faltado o sol, chovido e feito frio. Quando a temperatura desce a vida complica-se e há muita gente a sofrer.
Cheguei há escassas 48h depois de ter estado em Portugal a resolver assuntos pendentes, o principal dos quais pendente continuou, por culpa de ambições desmedidas e alguma falta de vergonha e seriedade de quem muito me prometeu mas afinal nada produziu. A crise pintou de cores escuras todas as conversas privadas e todos os programas e debates públicos. Passou a servir de desculpa para tudo e a ser motivo de todas as queixas, de todos os desabafos e saco de boxe para todas as frustrações.
Dou comigo a pensar que assim como os médicos, juristas e até professores estão sujeitos a processos por negligência ou más práticas, e deles têm que responder perante a justiça, nada, absolutamente nada acontece a economistas e seus acólitos, os políticos. Está mal, muito mal mesmo.
E desde que aqui voltei vou pensando no pouco que Moçambique tem e na vida dos populares que encontro pelas ruas sujas e esburacadas desta cidade ex-colonial. E do pouco que se queixam, comparativamente.