se vai ao longe? ou nunca se chega? Em terras do Índico, vamos abrandar...
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Ago 11
publicado por devagar, às 07:12link do post | comentar | ver comentários (1)

Gostamos de ir à África do Sul, aqui ao lado, são cerca de 90km até à fronteira, o que não é nada e faz-se em auto-estrada.

Isto é tudo muito relativo, porque os 90 km fazem-se bem dependendo do trânsito e dos acidentes, mas nem me vou alongar neste aspecto porque é assim mundo fora. Quanto a auto-estrada, também teremos que relativizar, porque grande parte é apenas uma estrada, sem separadores centrais, com uma pista em cada sentido, se bem que com bermas alcatroadas que os carros mais lentos e os grandes camiões utilizam para deixarem os mais ligeiros e velozes ultrapassar, com carros que param e pessoas que atravessam, paragens de chapa e de machibombo, operações stop da polícia para sacar dinheiro aos sul aficanos (param-nos muitas vezes porque nos confundem, mas quando nos ouvem falar português mandam-nos avançar)...mas é uma estrada permanentemente mantida e em bom estado, é sul africana, liga à N4 que leva a Pretória e a Joanesburgo. Na portagem, que é cara para o bolso moçambicano, raras vezes dão recibo, mesmo pedindo, e só aceitam numerário.

Levamos tudo isto numa boa e atravessamos a fronteira com frequência, quer para espairecer pelo Kruger Park, Mapumalanga e redondezas, quer para ir às compras a Nelspruit (que tem 2 centros comerciais enormes, vários e bons supermercados, farmácias cheias de remédios e todo o tipo de comércio bem organizado) quer para ir ao médico, ao dentista ou optometrista, ou até para cortar o cabelo, tudo eficiente e mais barato do que em Lisboa.

E vamos muitas vezes só mesmo porque apetece comer outras comidas, ver outros livros, ouvir outras músicas, poder escolher CD's que não estão marados, ver outras culturas, outras organizações, outras limpezas, fartura de casas de banho, etc.

Tudo isto faz parte de se viver no Maputo.

Dificil por vezes é passar a fronteira. Estamos sempre à espera de atrasos, filas, complicações...de tal maneira que quando tudo corre bem entra por nós uma invulgar sensação de alívio, misturada com alegria e com o wishful thinking de que as coisas estão a melhorar. Acontece exactamente o oposto quando as coisas não correm bem.

Ontem correu-nos especialmente mal, uma fila enorme, gente a empurrar, desrespeito total pelos lugares que cada um ocupava na fila, por mães com bebés de colo e pessoas mais velhas. Aprendi que o pior de tudo é coincidir com autocarros de passageiros excursionistas, porque as hospedeiras da organização (nome local para as guias) subvertem toda a lógica da espera, num esquema de pagamentos escondidos e carimbos mais rápidos, que depois é imitado por quem segundos antes estava tranquilamente na fila e quase leva a tumultos. Às claras, o câmbio de divisas (proibido), o dizerem-nos que nos levam para à área vip, que não existe mas que significa passar à frente de todos e que custa 200 meticais/4€. E nós, que decidimos que íamos ter paciência e esperar, porque não queremos entrar neste tipo de esquemas, vimos incrédulos o perfil de quem não resiste a ser vip e o rápido e lucrativo negócio que por ali se faz, nas barbas da autoridade, que fecha os olhos porque quer.

Por todo o lado há posters a dizer como se deve fazer, para esperar ordeiramente, para não dar dinheiro à toa, para exigir recibo.

Ninguém respeita.

E tudo anda devagar.


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