As semanas são complicadas...e os fins de semana também.
Quando voltamos da Europa, demoramos algum tempo a habituarmo-nos à vida d'África, sobretudo a desligarmo-nos do mercado de consumo, da facilidade com que se compra uma revista, se come um gelado, se vai ao cinema, se passeia a pé...
Aqui, nos fins de semana as opções não são imensas.
Se quisermos sair do Maputo urbano, temos que nos organizar (mental e fisicamente) e nada funciona da mesma maneira. Andamos 'para trás' no tempo e não podemos contar com as facilidades da vida moderna. Dependemos de viaturas 4x4, 'colmans' para guardar os 'frios', comida cozinhada... e temos que, durante a semana, combinar o que se leva, quem leva, quantidades...E como há semanas muito cansativas, sobretudo devido ao calor e à humidade, temos necessidade de abrandar no fim de semana - sair do Maputo não é programa que se faça com imensa regularidade.
Aqui há o hábito de se almoçar fora em família ao Domingo, que também praticamos, sobretudo se nos desafiam. Porém, quando se come fora, (des)espera-se geralmente mais de uma hora... e não é por falta de pessoal, é mesmo devagar.
E há coisas (para nós) inconcebíveis, que são culturais e temos que respeitar...como restaurantes de dimensão pequena com música altíssima ao vivo no almoço de Domingo, a arruinar qualquer hipótese de conversa ... mas, a ajuizar pela frequência, é investimento de garantido retorno para proprietário de restaurante.
Ir para as praias, que distam centenas de quilómetros, nem sempre se pode. Resulta melhor se formos em grupo, porque implica organização e planeamento (infraestruturas e comidas) pois pode acontecer, em pleno verão, não conseguirmos um restaurante decente nalguns locais fora do Maputo: a escolha é limitadíssima, excepção feita à Macaneta, mas há que enfrentar um batelão pequeno, uma fila de carros à torreira do sol para o apanhar, e levantarmo-nos muito cedo para minimizar estes transtornos...e nem sempre estamos com disposição para isso.
Neste Janeiro, época das férias grandes, numa semana que passámos no Bilene só havia frango ou lulas, com batatas fritas cheias de óleo ou repolho cozido passado por óleo...e, apesar de muitas tentativas, nem um gelado conseguimos encontrar e estava um calor abrasador.
Os abastecimentos aqui são muito complicados, quando se vai em grupo leva-se tudo, que dividido por vários custa pouco, e se vamos só nós, temos que ter o maior cuidado para não sermos totalmente depenados enquanto nadamos (nalgumas praias 'desertas' há gente à coca)...
Mas a experiência do mar é tão absolutamente fantástica que vale sempre a pena o esforço da organização, da viagem e o calor.
E tudo isto se faz devagar.