se vai ao longe? ou nunca se chega? Em terras do Índico, vamos abrandar...
14
Out 12
publicado por devagar, às 15:15link do post | comentar | ver comentários (9)

Por aqui há dias bons e dias menos bons.

O dia-a-dia nem sempre é fácil, o mal está em esquecermo-nos disso e abrandarmos a vigilância.

Há horas em que deveríamos estar quietos. Horas em que estamos onde não deveríamos estar. Num momento estamos bem, divertidos e cheios de planos para um jantar agradável e um fim de semana longo a ver os animais no Norte do Kruger, e no momento seguinte - o da hora escolhida de quem dentro de um carro como qualquer normal consumidor espera para nos roubar - deixamos de ter certezas, lutamos para não nos levarem tudo mas - lá está - nessa altura deveríamos era ter estado noutro sítio.

No fim do dia uma certeza: neste continente há um esforço a ser feito no sentido do empowerment em direitos humanos e do consumidor. Direitos nesta zona adquirem-se com dinheiro, e é bom andar prevenido.

Ver guardas nos parques de estacionamento, ver câmaras colocadas nos cantos estratégicos desses parques, não é garantia de que estamos protegidos, antes pelo contrário.

Na 4ªfeira passada, dia 3 de Outubro, ainda era dia, fomos assaltados quando saíamos do carro,  no parque de estacionamento do Riverside Mall em Nelspruit, na entrada que dá acesso ao Mug & Bean, que é a nossa preferida e de milhares de moçambicanos que lá vão fazer compras durante os 365 dias do ano.

Pelo facto deste Centro Comercial facturar alto devido ao input dos meticais moçambicanos, deveríamos ter sido bem tratados pelos guardas e pela polícia. Não fomos nem bem nem mal tratados: a câmara não funciona, os guardas que estavam a 5 metros nada fizeram- ficámos até a pensar que faziam parte da quadrilha - e a polícia que foi chamada ao local apenas nos quis levar para a esquadra para escrever o nosso depoimento e no dia seguinte dar-nos uma certidão, com a qual passamos a fronteira sem problemas e no Maputo começamos a saga difícil de recuperar a identidade, e todos os documentos que essa identidade implica, que nos usurparam num parque de estacionamento de um shopping que 'se vende' como local seguro.


Como temos amigos e algum dinheiro fomos conseguindo resolver a situação de ficar sem passaportes, autorizações de residência, dinheiro para a estadia no Kruger, cartões de crédito, 3 blackberrys, o meu ipad (que já fazia parte de mim), chaves e documentos do carro, os medicamentos, a máquina fotográfica, e outras coisas de mais fácil substituição.

Oferecemos resistência - um erro que pode tornar tudo mais violento e perigoso, mas naquela altura não se pensa nisso - e os guardas continuaram só a olhar.

Já no Maputo, vamos tomando conhecimento dos casos de muitos moçambicanos que passaram por semelhante experiência. Alguns perderam o gosto por ir a Nelspruit às compras. Nós ainda não sabemos bem como nos vamos comportar, mas gostamos de pensar que iremos esquecer. Por enquanto estamos só a continuar.

Devagar.


02
Out 12
publicado por devagar, às 08:21link do post | comentar | ver comentários (4)

... e com ele o fim do tempo seco, o recurso geral ao ar condicionado, o corpo a pedir duche quase todo o dia. Cansa, e deixa saudades, porque sem o calor a África não o é.

O trabalho começa a apertar, até ao Natal é sempre a abrir. Na aparente calma e inactividade, Maputo excede-se neste trimestre, e aqui em casa já começamos a sentir a pressão.

As ruas, porém, continuam iguais, turistas que aqui vêm, a aproveitar as passagens de avião ainda a custos suportáveis, não se apercebem deste frenesim que começa a pressionar tanta gente.

Mas esta cidade tem a sua personalidade e lifestyle, a bem dizer, únicos.

Alfaiates do mercado de Xipamanine.

Os atrasos de pessoas, de burocracia, de pagamentos, de aviões (a LAM pratica muito o overbooking doméstico, e deixa os passageiros em terra, à espera de lugar no avião, às vezes dias) de decisões (em certas empresas os chefes demoram a assinar a papelada do despacho - tudo muito depassé - com tremendas implicações nos custos e na produtividade), enfim, os atrasos de quase tudo continuam - mas ninguém se espanta.

Devagar.

Os carros que andam na rua são ou muito bons, 4x4 de alta gama, ou velhinhos e persistentes, a necessitar de muita oficina ou de bilhete de ida para a sucata. O transporte público, (os chapas fazem o que querem, e se têm um frete para fora do Maputo, deixam os passageiros à espera...) continua deficiente, as regras de trânsito cumprem-se pouco e os acidentes de automóvel , sobretudo nos fins de semana, são altamente mortíferos. A noite do Maputo continua perigosa, com polícias a comportarem-se como ladrões e a roubarem os turistas (confira artigo do espanhol El Mundo de 30 de Setembro aqui).

Mas quem vive por cá sabe contornar, aproveita o Sol, cultiva a amizade, boa mesa e melhor companhia, no café ao fim da tarde encontra-se sempre com quem conversar e nos fins de semana aproveitam-se os amigos e os afectos, porque é o melhor que a cidade proporciona, com memoráveis sundowners, hábito profundamente africano/colonial, a deitar conversa fora, sentados numa esplanada a ver o movimento dos navios, ou das pessoas. 

E disso gosta-se maningue.

E há coisas fantasticamente naif que descobrimos, só mesmo nesta cidade:

Na Av. Julius Nyerere, onde estão os melhores hotéis



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