se vai ao longe? ou nunca se chega? Em terras do Índico, vamos abrandar...
05
Ago 13
publicado por devagar, às 20:39link do post | comentar

...escrevo aqui sem saber bem porquê. 

Explico: iniciei um projecto light, com humor, amigos saberiam da minha second life no Maputo sem grande esforço, e eu passava a escrito uma experiência social riquíssima e, neste mundo em globalização, potencialmente interessante para muita gente.

À medida que o tempo foi passando, e já há quase 4 anos que iniciei este blog, fui-me apercebendo dos enormes problemas que os Moçambicanos - a gigantesca maioria deles - enfrentam sem esperança no dia-a-dia.

Tem sido crescentemente difícil abster-me desse contexto.

Regressei há dias da Europa, onde fui ver a família e dei um salto a Strasburg, para concluir um projecto. A crise que a Europa enfrenta, e com que Portugal se debate diariamente, é nada comparada com o quotidiano da miséria daqui.

    Lixo nas ruas de Maputo: é assim por todo o lado.

Há mais problemas no país, mais dificuldades no diálogo político e na circulação viária na zona centro, há mais lixo nas ruas, mais mortes nas estradas (por fim de semana no Maputo morrem cerca de 35 pessoas em acidentes de automóvel), e mais cerveja por menos dinheiro: compram-se 3 cervejas por 100 meticais (cerca de 2,5 €). A nova campanha ajuda a manter alta a estatística dos acidentes e faz esquecer o quotidiano pesado: nos fins de semana, pelas ruas do Maputo, há inúmeras barraquinhas onde grupos bebem cerveja a ouvir música que vem das colunas instaladas nas bagageiras dos carros e que bombam um som. Por vezes sentam-se no passeio, ou em caixas de madeira, outros sítios há com cadeiras de plástico...estão todos cheios. E a poluição sonora atinge níveis absolutamente inacreditáveis. 

E de tudo isto se faz o quotidiano de desespero desta cidade.

Mas é um desespero bem disposto e sorridente, e nisto África é única. E talvez seja isso que permite a sobrevivência.

É claro que há outros Maputo, mas são mesmo minoritários, e incluem até gente que muito aprecio, gente que é muito capaz e muito gente, mas compreendo que não vão conseguir fazer a diferença.


Gosto de ler a "sua" visão sobre Moçambique. Ainda bem que voltou:)
Juana a 6 de Agosto de 2013 às 20:45

Juana obrigada é muito bom receber este incentivo ;)
devagar a 7 de Agosto de 2013 às 16:15

Também gostei do regresso.
Vivo em Luanda e para mim seria impossivel escrever um blog publico (tenho muita falta de filtros sociais:)

Fui reler o anterior post e a resposta ao comentário. O que eu sinto é mesmo esse "e agora?" mesmo quando falo à familia e amigos onde não arranjo problemas por falar sem filtros.

Por favor, continue a escrever!
angela a 7 de Agosto de 2013 às 14:57

Obrigada pelas palavras de encorajamento, põem as minhas imensas dúvidas em stand by e fizeram-me bem, há fases por aqui que são tão difíceis...
devagar a 7 de Agosto de 2013 às 15:47

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