Vou passar 3 meses longe do Maputo, cidade que tenho aprendido a amar apesar dos seus anacronismos do seu look decadente, dos vendedores que parecem melgas à nossa volta e da mania que a cidade tem de que não precisa de aprender nada.
Tudo vou pondo para trás das costas, e todos os dias vou apreciando mais o doce ritmo do Índico, à medida que vou aprendendo a cidade, que alberga enorme população negra em bairros que a cercam e um punhado de brancos na zona alta e velha e decadente - mas cheia de charme. Aqui há Tugas recém-chegados, à procura de um modo de vida fácil (erro fatal) outros da velha cepa, castigados pela vivência nos tempos difíceis e sempre prontos a criticar e a apontar o dedo a tudo o que está mal. Já desisti de os contestar e decidi que não me vão impedir de gostar desta cidade, influenciada por este lento fare niente africano
E geram-se algumas situações engraçadas.
Optei por viajar na LAM (Linhas Aéreas de Moçambique) assim que os voos para Portugal reabriram no inicio do ano. É mais barata que a TAP (que estava a praticar preços exorbitantes e a precisar de uma concorrência para se tornar consumer friendly) e os aviões que fazem estes voos são fretados a companhia credível. Muitos dos Tugas que tudo criticam me tentaram dissuadir, falaram com palavras gordas e conhecedoras em segurança, vozes levantadas com muitos decibeis e muitas certezas...para depois os ver apanhar o mesmíssimo avião da LAM, que por milagre se tornou seguro.
Apesar de tudo há coisas que ainda me incomodam e que eu tento desvalorizar - mas é difícil.
Iria hoje para Lisboa às 23,30 para aterrar na Portela às civilizadissimas 9,30 da manhã. Durante a semana telefonaram a dizer que afinal só poderíamos partir às 02,30 da madrugada, o que me faria aterrar às 12,30...e hoje ao fim do dia mais uma vez avisaram que o avião só saíria às 04,00 e o check-in abria às 02,00. Ou seja, se tudo correr bem estarei em Lisboa por volta das 14 horas. Com uma noite mal dormida, que me custa horrores.
E estou em casa a fazer horas para ir para o aeroporto.
Tudo continua devagar.