Aqui anda tudo num frenesim, estranho porque costuma ser tranquilo quando se vem de férias da tugolândia.
Not this time.
Vive-se a polémica à volta dos novos procedimentos dos vistos. Muitas opiniões, muitas críticas, muitas conversas de café, muitos mails com perguntas, muito debate no facebook. Basicamente há uma selecção apertada e, como eu já venho a referir, não se pode vir à aventura, que custa muito caro.
Conseguir visto não é brincadeira, espera-se horas à porta da embaixada em Lisboa, o preço baixou mas as agências levam mais caro pelo serviço, porque a obtenção do dito visto se tornou mais difícil. E não se pode contar com tirar o visto à entrada, porque esse procedimento já só é possível para os naturais de países sem representação diplomática moçambicana, que não é o caso tuga.
Houve gente que chegou - não foi pouca - e foi obrigada a regressar, porque os papeis não estavam claros e o bilhete de avião era só de vinda (= com visto de turista mas era para ficar e trabalhar). Em consequência, a TAP agora deixa embarcar com bilhete só de ida apenas a quem tem DIRE (=Direito de Residência), caso contrário tem que ter visto e ida e volta - está farta de recambiar tugas de volta, sem bilhete comprado.
E a coisa tem estado tão complicada que pessoal do consulado português está no aeroporto à chegada dos aviões de Lisboa .. just in case!
E há tugas a ir embora depois de terem perdido o que tinham... e não tinham.
Tinha ouvido dizer, em conversa de café, lá para Novembro do ano que passou, que a entrada indiscriminada de portugueses ía ser travada.
Pois: aconteceu.
E qual é o catch?
Uma pressão muito forte de profissionais moçambicanos, com estudos e formação, que não querem que as poucas ofertas de emprego sejam ocupadas por estrangeiros. Isso misturado com um complexo (pós) colonial, que estes jovens profissionais são todos nascidos depois da independência, pouco mundo, ambição acompanhada de frustração...o cocktail explosivo do costume.
What's new?
O mesmo que eu ouvi (e tanto que ouvi) os portugueses dizerem dos imigrantes dos países de leste, depois da queda do muro de Berlim, e dos brasileiros (e sobretudo das brasileiras) que antes do Brasil se tornar uma economia emergente e poderosa encheram as cidades do país à beira mar plantado.
Tudo isto em que penso me coíbe de falar muito do que aqui se passa, a sociologia explica, a história também. E é preciso ler e pensar, o que poucos farão e eu quero acreditar que é por falta de tempo, que não de vontade.
Vou vendo o que já vi, e vem-me à memória uma frase de um professor que tive, alma enorme em que penso tantas e tantas vezes: de tudo o que muda o que menos muda é o homem!
E o everyday life da esmagadora maioria dos moçambicanos continua devagar.